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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Que também o homem não sabe o seu tempo; assim como os peixes que se pescam com a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo, quando cai de repente sobre eles.
(Eclesiastes 9,12)

Céu

"Pode inventar verbos? Quero dizer-te um: ' - Eu te céu'. Assim minhas asas se estendem enormes para amar-te sem medidas."
(Frida Kahlo)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

CONTINHO ERÓTICO




CONTINHO ERÓTICO

Ela não sabia muita coisa sobre sexo. Só transava com ele. Faltava, então, uma segunda ou terceira fonte de pesquisa. Transava apenas com ele e apenas uma vez por mês. Parecia menstruação: acaba tão logo chegava. E, como menstruação, quando atrasava, ela já ficava preocupada. "O que poderia estar acontecendo? Por que não veio?" Ficava inchada, sentia dores, seu corpo reclamava aquele homem. Não, nem era o homem: seu corpo reclamava aquele corpo dentro do seu. O corpo daquele homem, que achava que "Nietzsche" era nome de alguma comida exótica.
Mas ele não veio. E o desejo, todo ele amarrotado nas gavetas. E então, então ela entendeu que era o tempo das dores. Dores do corpo e da alma. Como lidaria com isso? Porque, no desmedido da cama, se deu conta de que também não sabia muito sobre alma. Nem sobre dores. Afinal, quando elas apareciam, logo vinha ele com suas mãos, dedos e boca, língua e suores. O corpo, duro, sempre pronto a atravessá-la. Ele vinha como um presente que, sem passado, adiava a alma pro futuro.
Mas ele não veio e doeu. Então ela chorou. Muito. Nunca havia se molhado tanto assim. Assustada, apagou a luz e fugiu pra debaixo da cama, esperando aquilo tudo passar.

[Geruza Zelnys e Cleberson Dias]

UM POEMINHA DE AMOR CONCRETO



UM POEMINHA DE AMOR CONCRETO
da mesma forma que você  o pão à mesa  a mão um abraço da mesma forma que você  um aviso um acorde  um choque um chute um salto da mesma forma que você  uma carona um passo  uma força um recado da mesma forma que você  uma bronca um tapa  um duro uma gravata da mesma forma que você  a luz uma ideia  um gole uma festa da mesma forma que você dá uma rosa um beijo dá uma bala uma moeda da mesma forma que você  boa tarde boa noite boas-vindas  uma desculpa um tempo da mesma forma que você  de cara dá de frente  de ombros de bandinhada mesma forma que você não me  a mínima não me  ouvidos não me dá bola da mesma forma que você não  o melhor de si eu dou o cu meu amor e daí

[ De MARCELINO FREIRE,

extraído do livro Amar É Crime,

sábado, 1 de setembro de 2012

Lattes




Não queria música no carro.
Só queria a voz do vento.
Não queria voz de gente.
Queria voz de bicho.
Gente cansa a gente.
Bicho, não.
Eu precisava, como li nas coisas de uma menina por aí,
de um pouco de mim: uma pequena dose me bastaria.
Me satisfaria, assim.
Essa menina deve ter um lindo Lattes para escrever coisas tão lindas.
Talvez ela tenha lido muitos livros.
Talvez apenas a vida.