Sinal do intervalo. Acompanhada de seu caderno de anotações, agora
tornado seu amante inseparável, dirigiu-se uma vez mais para aquele tão
já velho e conhecido canto do pátio do colégio de freiras, sob a árvore
amiga. Todos viam-na fútil. E de fato ela era, ao menos na aparência.
No entanto, será que eles sabiam que aquela garota ali, vestida de rosa
claro, de decote que incomodava freiras incautas, de bolsa da moda, grávida de paixão pelo profano,
rindo pra caramba, mesmo que seu sorriso fosse percebido somente por ela
mesma, porque ocorria dentro de si, escrevendo mais uma mais uma de
suas possíveis aventuras vazias e descartáveis, acordava todos os dias
pensando: " - O que eu realmente quero com essa vida? Como faço pra ser
feliz?" Não. Eles não sabiam. Não tinham essa profundidade. Mas ela
havia aprendido a ler rostos. Tinha uma experiência intrigante dos
homens, em desacordo com a sua idade. Eles eram levianos demais para
qualquer leitura do coração, da alma. Ela havia aprendido que nehuma
moda dura mais de seis meses, mas escrever sinceramente é ter estilo. É
ir além daqueilo que chamamos "fashon" ou "in". E, antes que o sinal anunciasse a triste realidade, mais uma vez se pôs a
escrever coisas sobre o espírito, sobre si e sobre os outros.
(Cleberson
Dias)
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